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Como surgiu o prêmio LeBlanc

Em entrevista, o professor Octavio Aragão, da Escola de Comunicação da UFRJ e idealizador do prêmio, fala sobre como surgiu e qual a importância do LeBlanc.

Como surgiu a ideia do prêmio, em 2018, e por que decidiram ampliar seu escopo?

Depois de dois anos como criador e organizador da Semana Internacional de Quadrinhos da UFRJ, a SIQ, em parceria com o professor Amaury Fernandes, senti necessidade de um outro tipo de evento, algo que englobasse todas as vertentes da cultura pop que me atraíam, e não apenas as histórias em quadrinhos – que sempre foram o principal mote da SIQ. Pensei que estava na hora de dar início a uma ideia antiga: criar um prêmio geral para a cultura pop produzida no Brasil.

Como, além de designer e professor universitário, também sou escritor de literatura fantástica e quadrinista, achei natural que todas essas vertentes se juntassem em apenas um lugar. Convidei Gabriel Cruz, que veio com seu conhecimento de animação e os contatos da Universidade Veiga de Almeida – UVA; Luiz Felipe Vasques, que mescla animação e literatura fantástica; e Victor Almeida, especialista em literatura de gênero. E nós quatro estruturamos o LeBlanc como é hoje. Agora temos mais um membro, Raphael Argento, que soma todo seu conhecimento em produção e animação, e a equipe está, creio, em sua melhor fase.

Reunir os fãs dessas categorias (literatura, games e HQ) foi o detalhe responsável pelo sucesso de público que se tornou o LeBlanc. Depois do segundo ano, com público votante cada vez maior, a equipe achou por bem criar mais uma chave de votações e os games foram a área escolhida, o que nos ajuda a ter uma visão mais ampla desse tipo de produção no Brasil.

E qual é, hoje, a importância do Prêmio LeBlanc?

O LeBlanc vem ocupar um nicho pouco explorado. Premiações existem muitas, mas com a chancela de um curso de pós-graduação da UFRJ e da UVA, são poucas, creio. E agraciando games, então, colocando-os lado a lado com outras produções já consagradas nos circuitos de premiação brasileiras, como animação e HQ, é mais raro ainda.

Procuramos analisar todos os prêmios mais famosos do Brasil e cada uma de suas vertentes. Do Argos, voltado à literatura fantástica, ao HQ Mix, dedicado a quadrinhos, passando pelo Anima Mundi e até o Jabuti. Elencamos tudo que nos agradava e que achávamos possível de adequação em cada um deles. Decidimos juntar dois tipos de julgamento, um com voto popular e outro, na sequência, pelo viés de especialistas. Com isso, conseguimos um tipo de organização e seleção de obras inscritas que evita ao máximo os votos “de cabresto”, fazendo com que os melhores alcancem o pódio.

É sempre bom ver o entusiasmo dos indicados e, na cerimônia de entrega, seus discursos emocionados. Até hoje, depois de quatro anos, nunca ouvimos reclamações e, juntando ao fato de termos aumentado exponencialmente nosso número de votantes a cada ano, talvez isso seja um sinal de que estejamos fazendo tudo certo nesse sentido.

Octavio Aragão é professor adjunto da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC/ECO/UFRJ). Pós-Doutor e pesquisador convidado do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais (PACC/UFRJ), Doutor em Artes Visuais (PPGAV/EBA/UFRJ 2007), Mestre em História da Arte (PPGAV/EBA/UFRJ 2002) e graduado em Comunicação Visual (EBA/UFRJ 1986). Pesquisador do Núcleo de Estudos em Narrativas Visuais e Transmídias (NaVT/ECO/UFRJ). Ex-professor do Departamento de Desenho Industrial da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (DDI/UFES 2006/2009), onde foi organizador do núcleo de ensino à distância (ne@ad/UFES 2008/2009).

O prêmio e seus finalistas

O Prêmio Le Blanc é uma premiação brasileira dedicada a produções nacionais nos campos de história em quadrinhos, animação, literatura fantástica e games. O nome do prêmio é uma homenagem ao artista André Le Blanc. O evento é organizado pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Universidade Veiga de Almeida e conta a parceria do projeto Bossa Criativa – Arte de Toda Gente.

Através de processo virtual, o público votou nas melhores produções nacionais de quadrinhos, animação, literatura fantástica e games de 2020. Confira aqui os finalistas avaliados pelo corpo de jurados especialistas.

Os apresentadores da cerimônia de premiação

Gabriel Cruz (à esquerda) é designer, professor e pesquisador em animação pela Universidade Federal Fluminense e Universidade Veiga de Almeida.

Andréia Fernandes (à direita) é produtora editorial, especializada em HQ. Trabalhou na organização da SIQ – Semana Internacional de Quadrinhos da UFRJ, na Balão Editorial; foi social media na Banca do Cícero e editora-assistente na Pagu Comics. Atua como revisora e preparadora para editoras como AVEC (Salto, de Rapha Pinheiro), e Daily Cofee Comics (Tinta Fresca, de Digo Freitas e Vinícius Gressana). É criadora e apresentadora do canal Traços Negros, no Youtube, onde entrevista quadrinistas negros de todo o Brasil.

Anna Gianelli (à esquerda), carioca, é designer e atuou como coordenadora de comunicação na edição de 2020 da GameJam+, “A copa do mundo de desenvolvimento de jogos”. Atualmente faz parte do time de RH da Gazeus Games. Ativista de causas LGBTQIA+ e feministas nos jogos, Anna também já atuou em instituições não governamentais (ONG) como produtora. É idealizadora e cofundadora do estúdio escola de jogos carioca, Octopus Game Studio, onde atuou como CEO e produtora executiva.

Publicado originalmente em Bossa Criativa.